terça-feira, 14 de julho de 2009

Talvez

humberto o sousa

Ela estava feliz.
Corria com um sorriso maroto estampado na face. Ela possuía somente treze anos e corria, com seu sorriso, fugindo para o futuro, tendo em mente a última façanha.
Talvez se não fosse boa aluna não teria recebido aquela medalha, acompanhada de um prêmio em dinheiro.
Talvez se, tivesse paciência, esperado a mãe chegar do trabalho para lhe contar a boa notícia o destino teria lhe sorrido mais que o seu sorriso feliz.
Talvez se, no cruzamento à frente, houvesse seguido reto para onde sua mãe trabalhava até dois meses antes, o destino teria lhe reservado mil medalhas.
Talvez se aqueles dois rapazes houvessem sido tão bons alunos quanto ela, não estariam assaltando a casa lotérica bem na hora que ela estava passando correndo com o seu sorriso feliz.
Talvez se o policial, que estava fazendo uma aposta, fosse mais bem treinado não teria sacado a arma e, correndo, sem nenhum sorriso no rosto, começado a atirar para todos os lados.
A menina que corria caiu, ainda sorrindo, com os olhos abertos. No chão ficou como quem olha o azul do céu. Em seu peito desabrochou uma flor vermelha de sangue, destacando ainda mais a sua medalha.
Os jornais dirão que foi mais uma vitima de “bala perdida”, não mencionarão seu sorriso nem sua medalha.
Em uma história de muitos talvez, somente uma certeza: não existe “balas perdidas”. Existe somente a incompetência e o desprezo pela vida.

Um comentário:

  1. puxa so de pensar na cena fiquei arrasado, esta de que foi apenas uma bala perdida, esta certíssimo, nunca lembram da historia da vitima a não ser que der ibope...valeu...fuiiiiii

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